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domingo, 6 de novembro de 2011

O giallo e os slasher movies

Quando penso no cinema de gênero, logo me vem à cabeça os filmes de terror. Considerado inferior por alguns, o gênero é muito mais rico do que parece e pode ser dividido em vários sub-gêneros. Esse papo tem a ver com o meu morno entusiasmo com o Festival do Rio desse ano: o único sopro de emoção foi a retrospectiva do diretor italiano Dario Argento e seu foco no giallo, uma variação do terror no cinema.

Giallo significa amarelo em italiano e é um gênero tanto literário quanto cinematográfico, bem conhecido na Itália. O termo está relacionado a uma série de livros policiais de capa amarela, intitulados Il giallo mondadori, publicados pela editora Mondadori a partir de 1929. O nome veio da marca registrada da publicação - a capa amarela. No início, os livros eram apenas traduções de suspenses ingleses e americanos, mas seu sucesso chamou a atenção das outras editoras, que passaram a publicar histórias originais.


Em 1963, quando o diretor Mario Bava lançou o filme: A garota que sabia demais, o gênero começou a migrar para as telonas. No ano seguinte, Bava estreou Blood and black lace, filme em que surgem os emblemáticos elementos do giallo: o assassino com luva de couro e arma brilhante. Nos anos 70, o gênero teve seu auge na Itália e surgiram nomes como Lucio Fulci, Aldo Lado, Umberto Lenzi e o próprio Dario Argento.



Apesar da semelhança entre as histórias, enquadramentos diferentes, iluminação marcante e um colorido muito próprio são a sua característica mais forte, além das infalíveis cenas com cadáveres e nudez. O gênero me fascina com suas cores e sempre que vejo diretores modernos, como o chinês Wong Kar –Wai, penso no colorido giallo e no quanto ele é importante como referência de cinematografia.



O giallo fez a estréia de vários diretores italianos e pode ser considerado pai dos chamados “slasher movies”, outro sub-gênero do terror muito popular nos anos 80 e 90, que consiste, basicamente, em um assassino perseguindo um bando de pessoas e as matando uma a uma. Temos sempre uma visão muito gráfica dessas mortes, que costumam ser executadas com machados, facas, serras ou qualquer outra arma que possa render muito sangue, miolos e pedaços de gente pra todo lado. A maquiagem e os efeitos usados nessas cenas são chamados de gore, técnica que desperta tanto interesse que até conta com uma publicação especializada, a revista mensal americana “Fangoria”, bem difícil de encontrar por aqui, infelizmente.

Os protagonistas dos slasher movies viraram ícones, como Michael Myers de “Halloween” e Jason Vorhees da franquia “Sexta- feira 13”. Esses personagens, na sua maioria, são retratados como mentalmente desequilibrados, muitas vezes deformados fisicamente e traumatizados por algum acontecimento anterior, justificando assim a sua sede por violência. O curioso é que eles se tornam franquias intermináveis e as produções tendem a focar sempre na volta do assassino, transformando o vilão em uma espécie de anti- herói e gerando grande simpatia em um público fiel. Afinal, quem gosta de monstro, torce pela destruição de todos que cruzam o seu caminho, certo?

Um comentário:

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O resto, você já sabe: nada de expressões agressivas e preconceituosas.