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sexta-feira, 11 de novembro de 2011

O estranho fascínio pelo macabro

Há pouco mais de uma semana John Malkovich interpretou, no Brasil, o assassino em série Johann Unterweger. Conhecido por estrangular prostitutas com seus sutiãs, Johann foi condenado e chegou a escrever “Purgatório, uma viagem ao cárcere” durante sua sentença, mas foi perdoado e libertado ao convencer a sociedade austríaca de sua reabilitação. Em um ano de liberdade, Unterweger repetiu seu modus operandi com mais seis moças, mas as autoridades locais não descobririam à tempo.

Ao pisar em Los Angeles, à pedido de uma revista austríaca, Johann passou a ser chamado de Jack, e começou a escrever sobre os crimes locais envolvendo prostitutas. “Jack” Unterweger fez mais três vítimas, foi enviado à sua terra natal e condenado, mas se suicidou assim que foi posto em confinamento.

Johann "Jack" Unterweger exibindo suas tatuagens

É exatamente esta pessoa que John Malkovich decide encarnar para desdobrar todo o emaranhado complexo de pensamentos e atitudes de um sujeito que ora parece nos atrair, ora nos repele. Se buscarmos em nossos quintais aquilo que torna o macabro tão fascinante, vamos encontrar duas histórias de extremo terror e inconvenientemente brasileiras.

A primeira conta a história de José Ramos e Catarina Palsen, conhecida como “Os Crimes da Rua Arvoredo”, ocorrido em 1864 na cidade de Porto Alegre, RS. José, inspetor da polícia de Santa Catarina, alega ter comprado o açougue de Karl Gottlieb Klaussner, seu velho amigo. O ex-proprietário, sumido há alguns meses, supostamente voltara à Saxônia. Ninguém imaginava que José, para defender sua mãe dos ataques do pai, o havia matado anos atrás e parecia ter certo jeito pra coisa.



Durante uma noite de gala no Theatro São Pedro, José, homem de hábitos refinados, sempre muito bem vestido, conhece Catarina Palsen, prostituta húngara de beleza indiscutível e os dois descem uma espiral de assassinatos em série que explica o destino de Karl Klaussner e a morte de dezenas de alemães, caixeiros viajantes e quem mais passasse pelo seu caminho. O que torna essa história tão absurda é o destino dos corpos – linguiças de carne humana vendidas na região. Caso você ainda queira saber mais, leia “O Maior Crime da Terra”, do historiador, jornalista e ensaísta Décio Freitas ou a matéria do jornalista Augusto Fischer chamada “O maníaco do açougue de Porto Alegre”.



A segunda história conta um lado esquecido do Rio de Janeiro antigo, talvez por ser tão maldito. O violento incêndio do casario da Travessa do Mercado, em 1790, fez do Arco do Telles o lar de figuras como a prostituta Bárbara. Portuguesa, a moça chegou ao Brasil acompanhada do esposo, mas logo que se apaixonou por outro homem, matou o primeiro.

Assim começam as lendas, mas nos registros do Intendente Geral da Polícia, desembargador Paulo Fernandes Vianna, a mulher, chamada de ‘Bárbara dos Prazeres’, ou somente de ‘Onça’, sofria dos sintomas violentos de um estágio avançado de sífilis e sua aparência havia se tornado terrível. Como forma de retardar este processo, a mulher roubava crianças da Roda dos Enjeitados da Santa Casa, as matava e supostamente se banhava em sangue, como maneira de tomar de volta sua beleza e juventude.

Arco do Telles, já durante o século XX.

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