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sábado, 2 de julho de 2011

E3 2011: bloqueio criativo ou medo?

As semanas que anteciparam o evento me deixaram com a mesma sensação que eu e meus amigos tínhamos, em 1993, ao cogitar a possibilidade de entrar num galpão repleto de jogos novíssimos. Por isso, todas as etapas que precediam o grande momento foram feitas no pique de "estou realizando um sonho" - o caminho do hotel para a fila, da fila para a porta e ela adentro, cercado de uma multidão de pessoas com o mesmo entusiasmo e curiosidade juvenil.

Entrei sozinho, louco para ligar para meus amigos de infância aos berros, embora eu tenha aprendido a me emocionar calado. Estandes cheios de luzes e sons, muitas garotas, daquelas que sorriem a cobrar, gente aos montes, a maioria da minha geração, andando meio boquiaberta. Acho que devia ser alguma coisa no ar, mas demorei uns quinze minutos para perceber o quão apatedado eu estava.

Medindo os passos com uma cautela excessiva para não esbarrar em todo mundo, comecei a me aproximar de Street Fighter X Tekken. O ar de Los Angeles está me fazendo mal. Será que estou lendo direito? Misturaram bife com sorvete e o pessoal parece estar gostando. Não me convenceu muito, mas o grupo de adultos estava se sentindo num falecido fliperama, com campeonatos informais administrados pelos próprios!

Ainda meio atordoado, comecei a me dar conta de que por maior que seja a "pirotecnia" do estande, no final, tudo se resume àquela televisão, um fone de ouvido e um controle, ou seja, você e o jogo. Achei um, por sinal. Deus EX: Human Revolution - o primeiro, um eterno cult para PC, misturava o universo cyberpunk de cyborgs e espionagem. Apostar nesta franquia best-seller me pareceu muito esquisito, já que a complexidade do original não funciona nos consoles. A nostalgia ainda não tomou conta de mim.

Uncharted 3: Drake's Deception, minha franquia favorita para o Playstation 3, só apresentava o modo multiplayer, uma imposição da indústria para a maioria dos títulos que desejam vender mais que o normal. Vamos cruzar os dedos para a história carregar a mesma dose de aventura Classe A.

Vou acompanhando um a um - Tom Clancy's Ghost Recon: Future Soldier, Starhawk, Gears of War 3 e vai ficando claro que os jogos de guerra dominam o mercado, seja no cenário militar ou intergaláctico. Call of Duty 4: Modern Warfare 3 e Battlefield 3, quando não parecem um filme do Michael Bay, são realistas como nunca. "Tomara que sejam divertidos, difíceis como devem ser e que eu não me pegue jogando um filme de orçamento milionário." - orei aos Deuses dos jogos.

Irritado com a falta de criatividade em "brincar de soldado", vejo de relance o maior vilão da franquia Twisted Metal e aí não teve jeito, a nostalgia deu aquele grito - "Eu jogava isso com meu irmão. Vou entrar nessa fila!". 15 minutos depois, eu e mais 11 pessoas estamos rindo e nos xingando, nos divertindo mais que todas as pessoas em Los Angeles juntas. Saímos da cabine conversando e rindo das jogadas acidentais e da vitória por um triz.

Depois de andar por muitas horas, me deparo com uma sala exibindo o trailer de Saints Row: The Third, o único jogo que não poderei descrever em detalhes pela sordidez imatura que deixou todo mundo gargalhando histericamente por alguns minutos. Quando estou começando a gostar, só me falta ir ao estande da Nintendo.

Apesar do polêmico Wii U, que eu confesso ter gostado, e muitos jogos de 3DS cujo fator nostalgia parece ser a máxima, a feira me deixou com muitas perguntas:
  • "Em meio a tantas franquias fortes, com mais de dez títulos na manga, muitos deles repetindo a mesma fórmula dos anteriores, o que está acontecendo com a criatividade desta indústria?"
  • "Nostalgia tem limite?"
  • "Você jogou Demon's Souls? Dark Souls? Faltam mais jogos como estes no mercado?

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