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terça-feira, 28 de agosto de 2012

This Must Be the Place


Assisti This Must be the Place, do italiano Paolo Sorrentino, e foi com grande surpresa que percebi uma relação entre o personagem principal deste longa e um outro, também de origem italiana, mas filmado nos EUA, que atende pelo mesmo nome. Assim como o astro de rock Cheyenne, vivido por Sean Penn e escrito a quatro mãos pelo próprio Sorrentino e Umberto Contarello, conheci outro Cheyenne de 44 anos atrás em Once Upon a Time in the West, baseado na história que Bernardo Bertolucci e o diretor Sergio Leone criaram juntos.

O Cheyenne roqueiro dos dias de hoje, à primeira vista, em nada se parece com o bandidão do Spaghetti Western vivido por Jason Robards em 1968. O ex-astro do rock se arrasta de um canto a outro da tela em uma vida cujos grandes acontecimentos ficaram há mais de 20 anos de distância, enquanto o Cheyenne do Faroeste é um dos bandidos mais respeitados da região. E, se nos passos de seu homônimo vemos um certo despropósito, o oposto acontece com o bandidão: cada aparição do Cheyenne do Western é certeira como um tiro, sem espaço para as divagações corriqueiras do astro deprimido.

Cheyenne, vivido por Jason Robards em Once Upon A Time In The West, em 1968

Por outro lado, é possível encontrar muito mais semelhanças entre os dois do que a simples carcaça empoeirada de um ou a maquiagem exagerada do outro poderiam sugerir. Os motivos pelos quais o Cheyenne deprê de Sorrentino largou a música não são muito claros desde o início, mas em uma conversa com David Byrne (aham, David Byrne) o personagem explica que se sente culpado pelo suicídio de dois adolescentes cometidos em nome de uma letra sua. Já o Cheyenne do Faroeste é conhecido por sua infalibilidade na hora de cometer assassinatos. E aí percebemos como a vida de cada um dos personagens é pautada pela morte.

 Cheyenne vivido por Sean Penn, em This Must Be The Place, em 2011

No decorrer dos filmes, no entanto, vamos vendo a transformação de seus estereótipos. Aos poucos, o bandidão do Faroeste vai amolecendo e ele passa a proteger a mocinha Jill McBain, enquanto o roqueiro quarentão sai da concha e envereda em uma busca por vingança em nome de seu pai. Ao final, sabemos que nenhum dos personagens terminou o filme como começou: enquanto o ex-roqueiro perdido no tempo endurece, descobrimos que Cheyenne, o bandidão, amoleceu para proteger a bela dama.

Cheyenne (Jason Robards) e Jill McBain (Claudia Cardinale)
Além de visualmente deslumbrantes, cada um dos filmes conta com uma trilha sonora de fazer história. As músicas compostas por Ennio Morricone para o filme de Sergio Leone se misturam às cenas a partir da gaita, instrumento que acompanha o personagem principal em toda a trama. Do mesmo jeito, a trilha invade a cena em diversos momentos em This Must Be the Place e, se a crítica não tem sido assim tão favorável com o filme de Paolo Sorrentino quanto foi com o de Sergio Leone, é quase unânime que a sequência em que David Byrne canta a música que dá título ao filme é impagável.


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