Menu

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

O que há por trás da orelha de Van Gogh?

Mal digerimos a trágica perda do rei do pop Michael Jackson e já nos deparamos com outra ausência precoce. A talentosa musa do soul, Amy Winehouse, fez juz às especulações da mídia quando morreu em estilo dramático, aos 27 anos, entrando para o hall de Jimi Hendrix, Janis Joplin e Kurt Cobain. Assim, manteve a tradição que resulta da união de músicos brilhantes a uma boa quantidade de drogas pesadas.

A fórmula drogas + talento artístico + autodestruição está longe de ser novidade. O pintor Vincent Van Gogh já fazia parte do clube muito antes de Amy e divide sua fama entre os quadros que pintou e o chocante fato de ter arrancado parte da orelha.

São muitas as especulações acerca do incidente. Para muitos, Van Gogh teria cortado o lóbulo esquerdo após uma violenta discussão com o amigo e também pintor Gauguin, com quem dividia a famosa Casa Amarela, da pintura homônima, na cidadezinha de Arles. Uma versão mais recente, porém, trazida à tona pelos pesquisadores Hans Kaufmann e Rita Wildegans, afirma que não foi o próprio a se mutilar mas sim seu “amigo”, Gauguin, depois que Van Gogh o ameaçou com uma navalha. O pintor, completamente fora de si, teria posto sua parte mutilada em um lenço e entregue a Rachel, uma prostituta por quem tinha afeição, recomendando: “guarde com cuidado”.

Assim como o mistério da orelha, a morte do pintor também deixou dúvidas. Diz-se que o artista teria dado um tiro no próprio peito em um dos campos de trigo que tanto gostava de pintar. O famoso suicídio, no entanto, está sendo revisto na biografia Van Gogh: The Life, publicada no dia 17 deste mês. Segundo os premiados autores do livro, sua morte teria sido causada por um tiro acidental, disparado por um adolescente de 16 anos apaixonado pelo Velho Oeste, que carregava uma espingarda quebrada. Van Gogh, em uma tentativa de proteger o rapaz, teria se arrastado depois de tomar o tiro até a pousada Ravroux e assumido a culpa pelo acidente. Será?

As polêmicas acerca da veracidade desses acidentes não atenuam em nada os fervilhantes acontecimentos da vida do pintor que, assim como seus sucessores roqueiros, abusou das drogas e mergulhou no fundo do poço. Usuário frequente do absinto, bebida de componentes alucinógenos cujo teor alcóolico alcançava os 68%, Van Gogh usou e abusou dos efeitos da droga, tornando-se ainda mais perturbado - e produtivo - ao fim de sua vida. Apesar da falta da orelha e do melhor amigo - a essa altura Gauguin já não o procurava mais - o artista produziu mais do que nunca, pintando cerca de 80 quadros em pouco mais de dois meses, cerca de um por dia. Assim como a turma de Amy, Jimi, Joplin e Cobain, Van Gogh morreu no auge mas, ao contrário dos músicos, desfrutou pouco da boa fase. Aliás, quase nada: ele só vendeu um único quadro enquanto vivo.

Auto retrato com orelha enfaixada, 1889


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Estamos aqui para ouvir tudo que você tiver para falar sobre a nossa Aventura!
O resto, você já sabe: nada de expressões agressivas e preconceituosas.