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segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Ecos do rock ainda

Sou a favor do “Pop In Rio”, do “Soul in Rio” e de toda miscelânea de sons no maior festival do Brasil. Desde a sua terceira edição, em 2001, o Rock in Rio passou a gerar oportunidades para outros estilos - o dia Pop foi bastante questionado, mas gerou público e funcionou.

O caso é que, para lidar somente com o rock, o festival deveria dialogar com o gênero na atualidade. Mas onde está o bom rock atual? Eu poderia citar grandes bandas de rock surgidas nos últimos dez ou vinte anos (The National, Animal Collective, Modest Mouse), mas aposto que não dariam mais do que 20 mil pessoas por dia, sendo muito otimista. Definitivamente, o rock não morreu, mas pode estar em um momento de transformação - como sempre esteve, na real.

O festival parece insistir no gênero, mais no “sentido semântico” do que na atitude propriamente dita. Seus “dinossauros” são imagens do que já foram um dia e têm exemplo máximo no artista que encerrou o festival: Axl e seu grupo (que ele teima em chamar de Guns `n` Roses) ofereceram um show sonolento, que pouco lembrava a empolgação do hard rock da segunda edição.

Os grandes shows do Rock In Rio IV (falando só do palco mundo) foram: Motorhead, Stevie Wonder, Coldplay, Red Hot Chili Peppers, Janelle Monáe, Shakira, Ivete Sangalo, Skank, System of a Down… Beleza, de nove artistas citados cinco são de rock, sendo três de pop rock, mas as atrações estão em dias distintos, ou seja, um artista de rock convenceu em sua noite. OK, Skank e Coldplay estiveram no mesmo dia, mas ter que assistir Maná e Marron 5 é dose – por infelicidade, o último substituiu o rapper Jay-Z, que certamente faria bonito!

Os melhores dias foram aqueles com pouco rock: “o dia do soul” com o mito Stevie, a performática Janelle, o dançante Jamiroquai… ainda teve Joss Stone no Palco Sunset. Já o dia de Ivete e Shakira impôs à Cidade do Rock uma energia que poucos artistas conseguiram. Olha que o pop latino da colombiana e o axé da baiana nunca me seduziram (ao contrário das mulheres em questão), mas não há como negar que foram dois belos shows, que deixaram o rock do Lenny Kravitz como um recheio sem tempero – vide seu deslocamento.

Enquanto isso, a “imposição” do rock na programação determinou o pior dia: o encerramento do festival. Além do já criticado Axl Rose, o line up que tentou resumir o rock atual pecou gravemente contra os dogmas do estilo. Enquanto Titãs e a banda portuguesa Xutos e Pontapés brilharam com um rock`n` roll no Palco Sunset (o palco menor), Detonautas e Pitty representavam o Brasil no palco Mundo. Em seguida, ainda tivemos que assistir Evanescence, um daqueles grupos de carreira curta e recheada de hits dos tops MTVs e Multishows da vida (fora que eu não sou um entusiasta desse Metal/Rock de mulheres berrando). Sim, o show do System of a Down foi extraordinário, nunca fui fã do som dos caras, mas o reconhecimento do grande espetáculo é importante, em especial para um grupo que estava num hiato de alguns anos.

A conclusão é que há uma evidente necessidade da mistura de estilos para garantir a qualidade dos shows. Não há razão para recorrer a dinossauros que não sabem mais lidar com o público e muito menos gerar um grande show. O mesmo vale para artistas atuais, de pequeno e médio porte, que são escalados por pura teimosia (Stone Sour? Coheed and Cambria? Maná? Snow Patrol?).

Uma nota para refletir, antes de me despedir: estive na Cidade do Rock, mas não vi, porém uma amiga comentou que havia uma barraca/guichê com pré-venda para a edição de 2013! Não sei o que vocês pensam sobre isso, mas eu estou espantado com a forma com que estão trabalhando a ansiedade das pessoas nos últimos tempos.

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