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terça-feira, 5 de novembro de 2013

1973 foi um ano bom.

por Thiago Ortman

A morte de Lou Reed na semana passada, me trouxe a oportunidade de reviver um pouco do universo do cantor. Sempre vibrei com qualquer coisa do Velvet Underground, mas meu objeto de pesquisa não foi a banda apadrinhada por Andy Warhol, e sim a carreira solo de Reed, muito reverenciada, que eu pouco conhecia.

Entre reouvir e ouvir o rico material sonoro de Lou Reed nas últimas noites, acabei me fixando no álbum Berlin, certamente a coisa mais bonita - e ao mesmo tempo bem triste - que ouvi recentemente. Não vou aqui avaliar ou criticar a obra, mas ressaltar que este é mais um álbum gerado em 1973, um ano glorioso para a música, ao meu ver.

Tá certo que dos primeiros anos da década de 60, até meados de 70, fica muito óbvio reverenciar a música,.  Boa parte das obras mais brilhantes da música contemporânea saíram desses anos. Mas 73 é um ano particularmente marcante, e numa simples reflexão de botequim vale repensar sua posição diante do tempo e espaço – já partindo para a “mirabolância” reflexiva.

A partir daqui, prepare-se para muitos nomes de discos, de todos os tipos. E vídeos e mais vídeos. Muita referência. Enfim, se você acha que esse papo já está indo muito longe, companheiro, é hora de parar.




Um ano que marca o início de movimentos que irão dominar a segunda metade dos anos 70, como o Punk – Iggy Pop & the Stooges e New York Dolls, por exemplo –, mas que ainda reverbera uma ressaca maravilhosa de quem já produzia em larga escala naquele momento. Um ano de alta do Rock Progressivo, à exemplo de três expoentes do gênero que emplacavam grandes discos: Pink Floyd em Dark Side of the Moon (para muitos o magnum opus do grupo, o que não é o meu caso); Genesis em Selling England by the Pound; e King Crimson em Lark's Tongue in Aspic. Mas não só de mainstream que o progressivo era feito, no mesmo ano bandas menos conhecidas produziam álbuns dignos de atenção: Gong e Magma (abaixo), sonoridades únicas que merecem reconhecimento.





Alguns artistas viviam um dito pós-auge, mas as consequências desses materiais não merecem passar despercebidos: The Who após Who's Next, produziu outra opera-rock (Quadrophenia); Led Zeppelin após seu IV, gerou Houses of the Holy (abaixo) em 73; após a maravilhosa sequência de Black Sabbath, Paranoid, Master of Reality e Vol 4, Ozzy Osbourne chegava a Sabbath Bloody Sabbath. E o próprio Lou Reed se encaixa nesta lista: no ano anterior, Transformer rendou o status de obra-prima, mas Berlin veio na mesma balada.




Mas também houve quem chegava ali ao grande momento. No Reino Unido (For Your Pleasure, de Roxy Music), na Jamaica (Catch a Fire, de Bob Marley), nos Estados Unidos, sul (pronuncia 'lĕh-'nérd 'skin-'nérd) de Lynyrd Skynyrd (abaixo) e norte (Innervisions, de Stevie Wonder). Falando em Stevie, o soul vibrou com Marvin Gaye (Let's get it on) e Al Green (Call Me).





Enquanto David Bowie sedimentava sua carreira com Alladin Sane, Tom Waits nascia para o mundo com Closing Time. Ainda teve John Martyn, John Fahey, Elton John e o "John" do Brasil: João Gilberto lançando uma obra-prima.




Realmente não dá pra esquecer daqui.  Neste ano Secos & Molhados estreava seu homônimo, aquele que viria a ser um dos maiores álbuns da história da nossa música. E Tom Zé nos dava Todos os Olhos.





Bem, Berlin parece que foi a cereja do bolo para um ano particularmente tão bom, que vai envelhecendo e melhorando como vinho. Falando em Lou Reed, não dá pra deixar de falar no seu parceiro de Velvet, John Cale lançando Paris 1919. E o parceiro do John Lennon? Paul produzia Band on the Run junto com Wings. Fela Kuti continuava destruindo na África e Herbie Hancock com Head Hunter. Faust, Alice Cooper, Can, Mahavishnu Orchestra, Banco del Mutuo Soccorso... 


Amigo, depois vou te contar uma coisa sobre 67, aquilo sim foi ano! Ô se foi...


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