A morte de Lou Reed na semana passada, me trouxe a oportunidade de reviver um pouco do universo do cantor. Sempre vibrei com qualquer coisa do Velvet Underground, mas meu objeto de pesquisa não foi a banda apadrinhada por Andy Warhol, e sim a carreira solo de Reed, muito reverenciada, que eu pouco conhecia.
Entre reouvir e ouvir o rico material
sonoro de Lou Reed nas últimas noites, acabei me fixando no álbum Berlin, certamente a coisa mais bonita - e ao
mesmo tempo bem triste - que ouvi recentemente. Não vou aqui avaliar ou
criticar a obra, mas ressaltar que este é mais um álbum
gerado em 1973, um ano glorioso para a música, ao meu ver.
Tá certo que dos primeiros anos da
década de 60, até meados de 70, fica muito óbvio reverenciar a
música,. Boa parte das obras mais brilhantes da música
contemporânea saíram desses anos. Mas 73 é um ano
particularmente marcante, e numa simples reflexão de botequim vale
repensar sua posição diante do tempo e espaço – já partindo
para a “mirabolância” reflexiva.
A partir daqui, prepare-se para muitos
nomes de discos, de todos os tipos. E vídeos e mais vídeos. Muita referência. Enfim, se
você acha que esse papo já está indo muito longe, companheiro, é hora de parar.
Um ano que marca o início de
movimentos que irão dominar a segunda metade dos anos 70, como o
Punk – Iggy Pop & the Stooges e New York Dolls, por exemplo –, mas que ainda reverbera uma ressaca maravilhosa de quem já produzia
em larga escala naquele momento. Um ano de alta do
Rock Progressivo, à exemplo de três expoentes do gênero que
emplacavam grandes discos: Pink Floyd em Dark Side of the Moon (para muitos o magnum opus do grupo, o que não é o meu caso);
Genesis em Selling England by the Pound; e King Crimson em Lark's Tongue in Aspic. Mas não só de mainstream que o
progressivo era feito, no mesmo ano bandas menos conhecidas produziam
álbuns dignos de atenção: Gong e Magma (abaixo), sonoridades únicas que
merecem reconhecimento.
Alguns artistas viviam um dito
pós-auge, mas as consequências desses materiais não merecem passar
despercebidos: The Who após Who's Next, produziu outra opera-rock
(Quadrophenia); Led Zeppelin após seu IV, gerou Houses of
the Holy (abaixo) em 73; após a maravilhosa sequência de Black Sabbath,
Paranoid, Master of Reality e Vol 4, Ozzy Osbourne chegava a Sabbath
Bloody Sabbath. E o próprio Lou Reed se encaixa nesta lista: no
ano anterior, Transformer rendou o status de obra-prima, mas Berlin veio na mesma balada.
Mas também houve quem chegava ali ao grande
momento. No Reino Unido (For Your Pleasure, de Roxy Music), na
Jamaica (Catch a Fire, de Bob Marley), nos Estados Unidos, sul
(pronuncia 'lĕh-'nérd
'skin-'nérd) de
Lynyrd Skynyrd (abaixo)
e
norte (Innervisions, de Stevie Wonder). Falando em Stevie, o
soul vibrou com Marvin Gaye (Let's get it on) e Al Green (Call Me).
Enquanto
David Bowie sedimentava sua carreira com Alladin Sane, Tom
Waits nascia para o mundo com Closing Time. Ainda teve John
Martyn, John Fahey, Elton John e o "John" do Brasil: João Gilberto
lançando uma obra-prima.
Realmente
não dá pra esquecer daqui. Neste ano Secos & Molhados
estreava seu homônimo, aquele que viria a ser um dos maiores
álbuns da história da nossa música. E Tom Zé nos dava Todos os
Olhos.
Bem, Berlin parece que foi a cereja do bolo para um ano
particularmente tão bom, que vai envelhecendo e melhorando como
vinho. Falando em Lou Reed, não dá pra deixar de falar no seu
parceiro de Velvet, John Cale lançando Paris 1919. E o
parceiro do John Lennon? Paul produzia Band on the Run junto
com Wings. Fela Kuti continuava destruindo na África e Herbie
Hancock com Head Hunter. Faust, Alice Cooper, Can, Mahavishnu Orchestra, Banco
del Mutuo Soccorso...
Amigo, depois vou te contar uma coisa sobre 67, aquilo sim foi ano! Ô se foi...
Amigo, depois vou te contar uma coisa sobre 67, aquilo sim foi ano! Ô se foi...
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Estamos aqui para ouvir tudo que você tiver para falar sobre a nossa Aventura!
O resto, você já sabe: nada de expressões agressivas e preconceituosas.