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domingo, 17 de março de 2013

Mais um pouco de Pop



por Thiago Ortman

Encerro o texto que está na seção lançamentos do site, sobre o novo álbum do Justin Timberlake, com uma provocação.  O lançamento me fez pensar quem são os artistas mais interessantes do pop na atualidade. Pra mim, fica claro que não haverá alguém como Michael Jackson.  Ao mesmo tempo, artistas dos anos 80 (fase áurea da música pop) já não conseguem a mesma repercussão musical: Prince se tornou anacrônico e Madonna, apesar de tentar acompanhar os tempos, parece ter perdido o fôlego no caminho – para ficar somente em dois ícones daquela década.

O já citado Timberlake não me parecia tão interessante em suas duas primeiras obras, mas The 20/20 Experience é um álbum que o coloca em definitivo entre os artistas que merecem a devida atenção no Pop. Porém, pensando estritamente na sonoridade e evolução musical, existem pelo menos três artistas mais talentosos que o ex-cantor de boy band.

A primeira a ser comentada, é a jovem Janelle Monáe. Embora ela tenha lançado apenas um álbum (The ArchAndroid, de 2010), digamos que ela mereceu o destaque de quem vos escreve. Até por ser a única artista (entre os que vou citar) de quem assisti a um show. Após perder, por um estúpido atraso, a abertura que ela fez no péssimo show da Amy Winehouse, no início de 2011, consegui me redimir no mesmo ano, no Rock in Rio 4!  Na “noite soul” do festival, Janelle fez um show vibrante, extremamente performático e sem firulas; ainda retornou ao palco junto com o headliner Stevie Wonder – este é rei absoluto, acima de estilos musicais. A ex-backing vocal do Outkast produziu um álbum que pode ser considerado como uma experiência musical em que se aproxima de seus grandes ídolos (Stevie, Grace Jones, Lauryn Hill). Em alguns momentos as referências são evidentes, mas nada soa como uma réplica.



Em alguns shows de 2012, Janelle apresentou duas novas canções (Electric Lady e  Dorothy Dandridge Eyes), mas ainda não há notícia sobre um novo álbum. Independente disso, já é possível considerá-la um dos maiores expoentes da música negra pop na atualidade.



A segunda a ser citada é M.I.A.. Além da fortíssima influência da electropop, a cantora britânica investiu em pesquisar a música popular de países como o Brasil e Índia (país próximo do Sri Lanka, de onde vieram seus pais). Em seus três álbum, M.I.A. definiu um estilo único de Electropop, calcado nas influências do funk carioca e da world music (me perdoem a ignorância de não saber especificar o “estilo” de música indiana que a cantora tem como referência). Muito da potência do pop de M.I.A. está expresso no teor político de suas músicas e atos. Para ficar no âmbito das fofocas da música pop, em 2010 a cantora entrou numa polêmica com Lady Gaga, ao dizer que a artista pop além de copiá-la musicalmente, era o último suspiro da industria fonográfica: "Lady Gaga tem um bom time por trás, mas ela é o último suspiro da indústria em tentar ser necessária. A respeito, pois mantém milhares de pessoas trabalhando, mas eu acredito no 'faça-você-mesma". Mas os tempos são outros e a paz parece ter sido refeita após Lady Gaga ter visitado Julian Assange (fundador do WikiLeaks) em seu exílio na embaixada do Equador, a convite de M.I.A.



Voltando à música, ao contrário de Janelle, o novo álbum da cantora britânica, Matangi, está próximo de sair: o lançamento está previsto para o início de abril.

E não podemos esquecer de Kanye West. O rapper é, para mim, o maior artista pop da atualidade. Evidentemente haverá controvérsias.  Porém, em quase 10 anos e 5 álbuns, o cantor provou uma versatilidade e capacidade de experimentar e criar samples sem igual. Além disso, seus projetos ambiciosos, apesar de não terem tanta repercussão no Brasil, merecem ser comentados. Um exemplo é o filme/opera de seu último álbum, My Beautiful Dark Twisted Fantasy (2010), escrito, dirigido e atuado pelo próprio.

No mais, o polivalente rapper ainda é conhecido por ter produzido uma série de músicas do pessoal top do rap: Nas, Talib Kweli, Mos Def, até mesmo Jay-Z, todos em algum momento tiveram canções produzidas por Kanye. Mesmo em sua obra irregular, o álbum 808s & Heartbreak (2008) vale ser ouvido.  Afinal, não é todo dia que alguém mistura synchpop (tão reconhecido nos anos 80) com rap, é uma experimentação no mínimo válida. Mas fica como sugestão o seu último álbum: My Beautiful Dark Twisted Fantasy é daqueles trabalhos que ultrapassa a fronteira de estilo musical.


 

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